sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sentidos

Acordei pleno. Cercado pela multidão que em parte se agitava para todos os lados e em outra se mantinha adormecida, exausta pelas vigílias profissionais ou pelos prazeres que acompanham a noite. Era necessário estar aqui. Mais do que nunca é necessário estar, ser, presenciar o que vai se passar. Deixar aflorar todos os sentidos. É ímpossível não ver tudo o que se revela sob a luz do sol. É imprescindível tocar e ser tocado profundamente no corpo e na alma, tocar tudo e todos com o corpo e com a alma. Sentir os cheiros espalhados no ar, do combústivel queimado, dos perfumes exagerados, do hálito dos bêbados sustentados pelas animadas paredes ou amparados pelas calçada, das refeições em seus horários sempre, mais ou menos, exatos, das flores onde que que estejam, nos campos, jardins, canteiros, nos homens e mulheres. Sentir o gosto da saliva, da pele, o doce que há em tudo, e do amargo que nos acompanha, nós querendo ou não. É importante escrever isso antes que o sentimento se despeça, em peça por peça e eu não mais sinta as vontades do que falo, não mais acredite na verdade, como as outras, temporária deste instante. É preciso, mais do que nunca, fazer o que peço, estar com os outros ser parte de um todo. Por que no fim só serei eu. Comigo e com todos o que restará é só o eu.

2 comentários:

Thaís C. disse...

Com o corpo e alma, mas já que sentimentos perdem suas peças, que venham outras e os completem, completem o corpo, completem a alma. Não quero.

Thaís C. disse...

é incrível como o calor do sol ou sua luz aparecem, lá, e aqui.