A cama parecia desconfortável demais naquela noite - ora o colchão parecia muito endurecido, ora muito mole. De bruços, de costas, virado para a parede, para o restante do quarto; não havia posição que convencesse o sono a se deitar sobre a alma confusa. Uma tentativa era pensar e pensar, criar teias, soluções para alguns problemas do amanhã, tentar relembrar do que vale, ou não a pena, até, quem sabe, chegar a boa hora em que a cerveja é servida em pratos de porcelana produzidos pelo, quase aposentado, colega de trabalho que pediu uma caixa de fósforos, com cabeças azuis, ao paciente terminal, que sofria de catapora, que não encontrava sua moeda da sorte na carteira, pois fora engolida, sem perceber, ao beber um leite de magnésia batido com algas.
Neste momento talvez pudesse ter certeza que o sono viera. E que dali em diante já não teria mais que se preocupar em ser dono de si mesmo. O piloto-automático estava funcionando, a viagem seria longa. Porém, um vidro quebrado, um pedaço de madeira caiu no chão, algum ser humano corria lá fora.
Um comentário:
=]
interessante...
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