Não é ficar se lamentando, ou pensar que a própria vida é pior do que deveria ser, não é ficar procurando defeitos em tudo e todos, ou achar que as coisas têm que ser de outro jeito e não como são. O ser casmurro não é algo assim, e muito menos parecido com o de Machado.
É apenas alguém, ao contrário do que pensam, mais sensível ao que ocorre no mundo, principalmente no seu. É não se contentar em estar em um lugar por estar, ter amigos que abraçam e elogiam na hora de bancar uma cerveja, mas incapazes de perder cinco minutos num papo que não leva a lugar nenhum. É não querer ser um brahmeiro, ou melhor, mais um brasileiro, que encharca todos os dias uma camisa de suor a fim de pagar a quadragésima primeira prestação do "0Km modelo do ano" (agora só falta metade), além do 1/4 de tanque no fim de semana pra sair desfilando numa avenida movimentada com uma tingida, com chapinha, fio dental e marquinha no ombro, só pra causar inveja, com uma batida sonora rachando o porta malas e o tímpano da 'companheira'. Ser casmurro é não bancar o social com a mesma tingida, com chapinha, fio dental e marquinha no ombro durante uma reunião de amigos ou família.
É ir contra a corrente. Ter opinião e liberdade pra opinar. É não calar frente ao que incomoda. Preferir pensar no que diz, ao invés de encher os ouvidos dos outros com a mesma merda que enchem os seus. Se importar realmente com alguns e não fingir que se interessa por todos. Achar que é bom ter momentos solitários para se sentir melhor, e não se cercar de frívolos e perdidos, que não querem se achar, numa balada ao som do último 'putz' 'putz' lançamento mundial. Saber que algumas coisas doem e que outras doem um pouco menos. Rir, sim e bastante, do que é engraçado porque assim o considera e não por convenção do grupo que te cerca. Entender que o mesmo grupo não é o único, que um dia você estará em outro, e que o anterior nem vai se lembrar de seu antigo membro.
Enfim, ser assim, é meio que nadar contra a corrente dessa ressaca de riacho que chamamos de sociedade, e na qual achamos muito importante sermos inseridos. É ter disposição de 'perder' tempo e escrever isso enquanto a maioria dorme, poucos trabalham, pouquíssimos fazem seu carnaval fora de época e os raros se dispõem a ler quatro parágrafos.
4 comentários:
Quatro parágrafos que em poucas reconhecemos o serzinho que escreve.
Patota não deixou de se rum grupo, fica no peito, então ainda é.
Lhe mando um Lírio, aliás você ja tem o meu. Mas cuide dele.Ele pode murcha.
Um abraço de primavera.
Quatro parágrafos que dizem tanto do ser que escreve. Não digo homem e nem mulher. Eu digo ser. Por que acredito que você é.
Patota é um grupo que ainda esta aqui no peito, não foi embora não.
Lhe deixo um Lírio, alías você ja tem ele, eu só nunca disse. Cuide dele pra ele não secar.
Um abraço primavera.
O parto da consciência requer uma ampla abertura das pernas da vida.
"PARA NASCER, NASCI."
(Pablo Neruda)
"Mais sensivel ao que ocorre no mundo"
Me recordo. Ja caminhei por aqui; n havia me dado conta que era voce! há! Sigo seu blog!
Sinceras-sensiveis tuas palavras.
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